Hoje eu consegui sorrir.
Por algumas horas, me senti quase humanizada novamente.
Em relação a todos os meses que a fio se passaram coerentes com a minha total isolação do mundo externo, nem um fio de sentimento concreto se passou por aqui, no meu córtex esquerdo cerebral.
Hoje eu consegui sorrir!
E tamanha foi a surpresa que nem parei pra pensar na probabilidade que junto à dilatação dos meus músculos faciais, o mesmo efeito poderia surtir a respeito daquela coisa contraída aqui no peito, aquela coisa que soava abstrata, surreal.
Fotografias, móveis brancos e cortinas finas. Definição da saudade, concretização de que a probabilidade era enorme e não falhou.
Vi o sorriso de uma, e senti saudades de outra.
Apanhei nos braços uma moça, e senti seus braços e sua voz e sua lama e sua desgraça.
A poeira, o fim, a partida, a despedida boçal, a abismal diferença dos dias em que era você nos meus braços e não outra moça.
...
Eu tinha esquecido o quanto era bom sorrir, mas também tinha esquecido o quão ruim é ser humana.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
A respeito das coisas que eu perdi
Quem nunca se desesperou ao vasculhar os bolsos da jaqueta ou o fundo da bolsa de pano e perceber que as chaves da sua casa não estavam mais lá?
Quem nunca bravejou ao erguer os olhos para o muro de cimento -ou de tijolinhos vazados- ao pensar que teria que escala-lo, sabendo que isto lhe renderia um esfolamento nos joelhos ou na palma da mão?
As chaves deveriam estar ali, e não estavam mais. Elas haviam se perdido no meio de algum caminho e agora você não pode entrar no seu próprio lar.
Isso é tão doloroso quanto soa ser dentro da minha mente ou dos meus bolsos?
Aquela nota de cem reais que você trabalhou duro pra conseguir e percebeu que colocara na carteira rasgada?
E sobre aquela arquitetura ou projeto de plano que você perdeu o desenho dos alicerces?
Quando as estruturas parecem bambas e você sabe que podem vir a ruir mas prefere acreditar que não....
Das coisas que perdi, das mais fúteis até as mais relevantes, do sono à capacidade de sonhar.
Das chaves de casa ao celular, o beijo da moça bonita ao amor próprio.
Do peso e do cabelo, das aulas e das noites em claro, da luz da tevê ao seu livro preferido que ficou numa estação de metrô.
Da infância, do pai, até aquele casamento que não deu certo.
Só quem perdeu um irmão, um melhor amigo ou um filho.. Só quem prefere acordar depois que o sol se põe e perde o anil do céu e as nuvens que se transformam lentamente em elefantes ou xícaras de café.
Só quem sabe que as cinco da tarde a fumaça do cigarro fica mais densa num gramado qualquer, quem sabe a dor de se sentir inútil, incompetente, maleável, sórdido, torpe, drogado.
Quem sabe como fica áspera a garganta depois de um porre de conhaque barato, e aquela viagem que você planeja a dois anos e nunca nem foi até o cachê da rodoviária.
Só quem já perdeu a vida por alguns segundos e segundos cronológicos depois perdeu tudo que havia nela. Só quem não tem mais capacidade de rir do logotipo de um energético ou da apresentadora de tevê.
Só quem ficou ranzinza e pintou as paredes da vida de cinza...
São estes que entendem a dor de perder as chaves de casa.
Quem nunca bravejou ao erguer os olhos para o muro de cimento -ou de tijolinhos vazados- ao pensar que teria que escala-lo, sabendo que isto lhe renderia um esfolamento nos joelhos ou na palma da mão?
As chaves deveriam estar ali, e não estavam mais. Elas haviam se perdido no meio de algum caminho e agora você não pode entrar no seu próprio lar.
Isso é tão doloroso quanto soa ser dentro da minha mente ou dos meus bolsos?
Aquela nota de cem reais que você trabalhou duro pra conseguir e percebeu que colocara na carteira rasgada?
E sobre aquela arquitetura ou projeto de plano que você perdeu o desenho dos alicerces?
Quando as estruturas parecem bambas e você sabe que podem vir a ruir mas prefere acreditar que não....
Das coisas que perdi, das mais fúteis até as mais relevantes, do sono à capacidade de sonhar.
Das chaves de casa ao celular, o beijo da moça bonita ao amor próprio.
Do peso e do cabelo, das aulas e das noites em claro, da luz da tevê ao seu livro preferido que ficou numa estação de metrô.
Da infância, do pai, até aquele casamento que não deu certo.
Só quem perdeu um irmão, um melhor amigo ou um filho.. Só quem prefere acordar depois que o sol se põe e perde o anil do céu e as nuvens que se transformam lentamente em elefantes ou xícaras de café.
Só quem sabe que as cinco da tarde a fumaça do cigarro fica mais densa num gramado qualquer, quem sabe a dor de se sentir inútil, incompetente, maleável, sórdido, torpe, drogado.
Quem sabe como fica áspera a garganta depois de um porre de conhaque barato, e aquela viagem que você planeja a dois anos e nunca nem foi até o cachê da rodoviária.
Só quem já perdeu a vida por alguns segundos e segundos cronológicos depois perdeu tudo que havia nela. Só quem não tem mais capacidade de rir do logotipo de um energético ou da apresentadora de tevê.
Só quem ficou ranzinza e pintou as paredes da vida de cinza...
São estes que entendem a dor de perder as chaves de casa.
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Não sei se é a ansiedade ou a desesperança
Não sei se é o desespero ou a comodidade
Não sei se é o arrependimento ou a insensatez
Se eu tivesse usado uma roupa mais bonita, se eu tivesse dito melhor as palavras, se eu tivesse segurado sua mão com mais força, você estaria aqui?
Se eu não tivesse borrado tanto a maquiagem
Se eu não tivesse chorado em público
Se não fosse a saudade, a chuva, o barulho
Se não fosse aquela festa medíocre e o doce de morango que te comprei
Se eu tivesse, no lugar, comprado uma cerveja só pra mim
Você estaria aqui?
Se não fosse meu eu sempre bêbado
Se não fosse a tremedeira nas mãos
Se eu tivesse usado um perfume diferente
ou cortado o cabelo mais rente
Será que ainda existiria a gente?
Não sei se é o desespero ou a comodidade
Não sei se é o arrependimento ou a insensatez
Se eu tivesse usado uma roupa mais bonita, se eu tivesse dito melhor as palavras, se eu tivesse segurado sua mão com mais força, você estaria aqui?
Se eu não tivesse borrado tanto a maquiagem
Se eu não tivesse chorado em público
Se não fosse a saudade, a chuva, o barulho
Se não fosse aquela festa medíocre e o doce de morango que te comprei
Se eu tivesse, no lugar, comprado uma cerveja só pra mim
Você estaria aqui?
Se não fosse meu eu sempre bêbado
Se não fosse a tremedeira nas mãos
Se eu tivesse usado um perfume diferente
ou cortado o cabelo mais rente
Será que ainda existiria a gente?
sábado, 19 de outubro de 2013
Datas e poeira
Chega de se esconder da sujeira, eu disse a mim mesma.
A sujeira está em todos os lugares, não há quem possa deter a poeira que entra pela janela sem pedir licença e se acomoda em cima de nós, embaixo da cama, na gaveta da cômoda.
Gaveta aquela do teu quarto desarrumado, vestígios da nossa própria existência vil, desajeitada, nosso passado bagunçado e passado a limpo mas nunca, de fato, límpido.
Que joguem baldes de água fria em cima de nós: de ti não solto tão rápido.
Que a água desça pelas escadas e molhe o pé do sofá, sofá que nos acomodou naquele dezembro bêbado. Você me ajuda com as datas, eu com os detalhes. A espuma da cerveja mudou de cor, no dia vinte e cinco de dezembro, a música que tocava? não me lembro...
Mas você se lembra, e não sei como, lembra cada detalhe do que eu deixei vazar pelo ralo.
Dia dois de janeiro, me joguei em teus braços, as lágrimas escorriam deixando um rastro pelo meu rosto conspurcado, e teu cabelo cheirava tão bem [...]
Eu não me importo mais com a sujeira, eu esqueço todo aquele passado indecoroso quando estou deitada em teu peito, e te ouço vivendo sem se exaltar, te olho dormindo feito criança, e me perco quando tento levantar da cama e você me segura sem nem ao menos acordar.
Fingi que dormia, foi só pra te ouvir falar.
Desculpe por fingir, mas tanta coisa foi simulada, dissimulada, arremedada e tanto foi guardado, que nem posso explicar. Palavras não bastam e nem surgem quando tento te decifrar.
És pra mim coisa única, tesouro raro, não suportaria perder outra vez. E é por isso que não me arrisco a te ter nas mãos, e é por isso que não digo aquelas palavras esperadas, por conta disso eu me calo.
(a lua do teu quarto é tão bonita)
Eu gostaria de ter dito.
(O som da tua risada é coisa celestial)
Eu gostaria de ouvir sempre.
(Nunca mais me deixe só)
É o que passa pela minha mente quando me nego a te conceber meus pensamentos.
A sujeira está em todos os lugares, não há quem possa deter a poeira que entra pela janela sem pedir licença e se acomoda em cima de nós, embaixo da cama, na gaveta da cômoda.
Gaveta aquela do teu quarto desarrumado, vestígios da nossa própria existência vil, desajeitada, nosso passado bagunçado e passado a limpo mas nunca, de fato, límpido.
Que joguem baldes de água fria em cima de nós: de ti não solto tão rápido.
Que a água desça pelas escadas e molhe o pé do sofá, sofá que nos acomodou naquele dezembro bêbado. Você me ajuda com as datas, eu com os detalhes. A espuma da cerveja mudou de cor, no dia vinte e cinco de dezembro, a música que tocava? não me lembro...
Mas você se lembra, e não sei como, lembra cada detalhe do que eu deixei vazar pelo ralo.
Dia dois de janeiro, me joguei em teus braços, as lágrimas escorriam deixando um rastro pelo meu rosto conspurcado, e teu cabelo cheirava tão bem [...]
Eu não me importo mais com a sujeira, eu esqueço todo aquele passado indecoroso quando estou deitada em teu peito, e te ouço vivendo sem se exaltar, te olho dormindo feito criança, e me perco quando tento levantar da cama e você me segura sem nem ao menos acordar.
Fingi que dormia, foi só pra te ouvir falar.
Desculpe por fingir, mas tanta coisa foi simulada, dissimulada, arremedada e tanto foi guardado, que nem posso explicar. Palavras não bastam e nem surgem quando tento te decifrar.
És pra mim coisa única, tesouro raro, não suportaria perder outra vez. E é por isso que não me arrisco a te ter nas mãos, e é por isso que não digo aquelas palavras esperadas, por conta disso eu me calo.
(a lua do teu quarto é tão bonita)
Eu gostaria de ter dito.
(O som da tua risada é coisa celestial)
Eu gostaria de ouvir sempre.
(Nunca mais me deixe só)
É o que passa pela minha mente quando me nego a te conceber meus pensamentos.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Eu não quero mais falar de amor.
Se eu te contasse que não amei aquela que veio depois de ti, e nem a que veio depois desta,
Se eu te contasse que ainda te tenho em sonho, e que o cheiro do teu moletom preto com letras azuis nunca saiu do meu colo
Se eu te contasse que meu abraço é vago, meu peito é vasto e meu sorriso é de plástico...
Se eu te contasse também que nem por um minuto deixei de te amar...
você iria acreditar? EU mesmo iria acreditar?
Eu não quero acreditar, eu não quero nem pensar...
Amor, palavra antiga, palavra tosca, inóspita.
Dolorida até os dentes, morde forte junto com a saudade doida, doída, da ida.
Eu não quero mais falar de amor!
De que me adianta falar, se você sorri mas não gosta, se você olha e recua, mastigando essa coisa crua...
E eu, um homem sem nome, poeta desnobre das letras disformes.
Rogo que te desdobre dessa tua tristeza sem pé nem cabeça,
Quem sabe assim não descobre
Sem eu precisar dizer palavras, e poder lançar aquelas cartas todas as traças.
Eu não quero mais precisar falar de amor.
Se eu te contasse que ainda te tenho em sonho, e que o cheiro do teu moletom preto com letras azuis nunca saiu do meu colo
Se eu te contasse que meu abraço é vago, meu peito é vasto e meu sorriso é de plástico...
Se eu te contasse também que nem por um minuto deixei de te amar...
você iria acreditar? EU mesmo iria acreditar?
Eu não quero acreditar, eu não quero nem pensar...
Amor, palavra antiga, palavra tosca, inóspita.
Dolorida até os dentes, morde forte junto com a saudade doida, doída, da ida.
Eu não quero mais falar de amor!
De que me adianta falar, se você sorri mas não gosta, se você olha e recua, mastigando essa coisa crua...
E eu, um homem sem nome, poeta desnobre das letras disformes.
Rogo que te desdobre dessa tua tristeza sem pé nem cabeça,
Quem sabe assim não descobre
Sem eu precisar dizer palavras, e poder lançar aquelas cartas todas as traças.
Eu não quero mais precisar falar de amor.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Ninguém há de amar
Olhei-me no espelho e me senti agredida pelos (poucos) anos.
Prendi os cabelos, e olhei profundamente dentro dos meus próprios olhos. Não, não eram os anos. Os anos são coisas boas, a vida deve ser uma coisa boa. Uma coisa boa que desconheço.
Me senti então agredida por mim mesma, e toda a violência foi refletida nos braços, nas marcas, no sal dos olhos.
Quem há de amar aquela que se destruiu sem precisar de ajuda de ninguém?
Quem há de amar aquela que se restringe a diálogos monossílabos
E picota os cabelos todas as vezes que se sente triste
Quem há de amar aquela que se sente triste o dia inteiro?
Ah! as minhas faculdades. Minhas habilidades que se resumem em auto-destruição
Punição intensiva, pecadora assídua, vazia.
A chuva se derramava como um carinho ou lembrete de que a vida existe de verdade.
O estômago doía como um alarme de que eu deveria continuar viva.
A escuridão era uma outra porta, outra opção.
Vocês alguma vez já se sentiram como se não pertencessem ao lugar onde nasceram?
Ah, não, ninguém há de amar, nem a mim, nem ninguém
Todos hão de se vangloriar por conquistas que nem são de fato, mérito próprio.
E hão de destruir a terra que vos alimentam
E o mundo que suporta os nossos sapatos cederá
No lugar deste, uma enorme depressão se abrirá, quente como o diabo
Morreremos todos queimados pelos nossos próprios desejos sórdidos
Prendi os cabelos, e olhei profundamente dentro dos meus próprios olhos. Não, não eram os anos. Os anos são coisas boas, a vida deve ser uma coisa boa. Uma coisa boa que desconheço.
Me senti então agredida por mim mesma, e toda a violência foi refletida nos braços, nas marcas, no sal dos olhos.
Quem há de amar aquela que se destruiu sem precisar de ajuda de ninguém?
Quem há de amar aquela que se restringe a diálogos monossílabos
E picota os cabelos todas as vezes que se sente triste
Quem há de amar aquela que se sente triste o dia inteiro?
Ah! as minhas faculdades. Minhas habilidades que se resumem em auto-destruição
Punição intensiva, pecadora assídua, vazia.
A chuva se derramava como um carinho ou lembrete de que a vida existe de verdade.
O estômago doía como um alarme de que eu deveria continuar viva.
A escuridão era uma outra porta, outra opção.
Vocês alguma vez já se sentiram como se não pertencessem ao lugar onde nasceram?
Ah, não, ninguém há de amar, nem a mim, nem ninguém
Todos hão de se vangloriar por conquistas que nem são de fato, mérito próprio.
E hão de destruir a terra que vos alimentam
E o mundo que suporta os nossos sapatos cederá
No lugar deste, uma enorme depressão se abrirá, quente como o diabo
Morreremos todos queimados pelos nossos próprios desejos sórdidos
Sempre achei que a pior dor era o aperto no peito.
Eu nunca tinha prestado tanta atenção no vazio. Foi então que percebi que o aperto é produto do nada.
Meu vazio que sempre enchi de futilidades até quase explodir, por isso, a pressão e a dor.
O vazio sozinho não dói. Zero vezes zero sempre será zero. Não importa quantas vezes eu erre na prova de matemática.
Mas e quando o vazio começa a ser questionado? E quando foi que permiti a mim mesma investigar as causas que me levaram a ser o que sou? Eu fugi tanto de psicólogos e psicanalistas. Eu sempre me entupi de remédios pra não precisar justificar nada. Eles sempre falaram por mim. Sempre dormiram e acordaram por mim. Nunca tive o trabalho de fechar os olhos e contar até dez, cem, mil, pra conseguir me acalmar. Ao contrário disso, sempre engoli dez pílulas, duzentos miligramas psicotrópicos e flutuei sobre o mar violento sem precisar nadar contra a correnteza. Exatamente, eu flutuava.
Nunca me veio a ideia de que o meu mar só fica bravo porque nunca lhe permiti a calmaria.
A verdade é que não sei onde encontrar a calmaria. Eu não sei muito bem do que gosto. Eu nem sei se sei gostar.
Agora o vazio é tão grande e preenche todo o nada. O vácuo do meu peito refletido no córtex esquerdo super-saturado.
A solidão é tão clichê, me desculpem, eu nunca quis falar dela.
O desespero é tão comum, eu nunca quis poluir literatura com clichês, mas me desculpem, leitores, eu estou desesperada e completamente sozinha.
Acendo um cigarro vagabundo atrás de outro, tenho a impressão de que o mundo cheira mal.
Saudades eu sinto da serra de São Pedro, onde o aroma era fresco e as coisas cheiravam simplicidade e tudo era feliz. A rede, os peixinhos. (Acho que estou enlouquecendo)
Saudades do cheiro da tinta vermelha no cabelo e da tinta roxa na parede, saudades de quando eu conseguia abraçar as pessoas sem me sentir um incômodo, sem me sentir pedindo um favor. Eu detesto pedir favores.
Ah, me desculpem pela subjetividade.
Me desculpem por tudo.
Eu nunca tinha prestado tanta atenção no vazio. Foi então que percebi que o aperto é produto do nada.
Meu vazio que sempre enchi de futilidades até quase explodir, por isso, a pressão e a dor.
O vazio sozinho não dói. Zero vezes zero sempre será zero. Não importa quantas vezes eu erre na prova de matemática.
Mas e quando o vazio começa a ser questionado? E quando foi que permiti a mim mesma investigar as causas que me levaram a ser o que sou? Eu fugi tanto de psicólogos e psicanalistas. Eu sempre me entupi de remédios pra não precisar justificar nada. Eles sempre falaram por mim. Sempre dormiram e acordaram por mim. Nunca tive o trabalho de fechar os olhos e contar até dez, cem, mil, pra conseguir me acalmar. Ao contrário disso, sempre engoli dez pílulas, duzentos miligramas psicotrópicos e flutuei sobre o mar violento sem precisar nadar contra a correnteza. Exatamente, eu flutuava.
Nunca me veio a ideia de que o meu mar só fica bravo porque nunca lhe permiti a calmaria.
A verdade é que não sei onde encontrar a calmaria. Eu não sei muito bem do que gosto. Eu nem sei se sei gostar.
Agora o vazio é tão grande e preenche todo o nada. O vácuo do meu peito refletido no córtex esquerdo super-saturado.
A solidão é tão clichê, me desculpem, eu nunca quis falar dela.
O desespero é tão comum, eu nunca quis poluir literatura com clichês, mas me desculpem, leitores, eu estou desesperada e completamente sozinha.
Acendo um cigarro vagabundo atrás de outro, tenho a impressão de que o mundo cheira mal.
Saudades eu sinto da serra de São Pedro, onde o aroma era fresco e as coisas cheiravam simplicidade e tudo era feliz. A rede, os peixinhos. (Acho que estou enlouquecendo)
Saudades do cheiro da tinta vermelha no cabelo e da tinta roxa na parede, saudades de quando eu conseguia abraçar as pessoas sem me sentir um incômodo, sem me sentir pedindo um favor. Eu detesto pedir favores.
Ah, me desculpem pela subjetividade.
Me desculpem por tudo.
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