Maldito diário. Vim te visitar.
Suas folhas amareladas devem me odiar mais do que tudo. Mais do que a fricção da caneta rasurando suas linhas, quando não tenho nada pra escrever, só... raiva. Simples e compacta. Raiva que cabe dentro de uma caneta.
Desordenada... Atrasada.
Estou dando tragadas rápidas, querendo sugar pra dentro as provas do crime. Queria que todos os rastros desaparecessem junto com a fumaça.
Maldito diário.. Deve estar cansado, assim como eu, de observar minhas mudanças repentinas de estado de espiríto, minha sorte é inconstante... Paira no ar, feito poluição.
O extremo me devora, eu gostaria de mover alguma montanha apenas com a força do meu ódio. Gostaria de contaminar todas as fontes que alimentam esses sentimentos sujos, gostaria de contamina-las com o veneno que está escorrendo dos meus olhos.
E essa tempestade que está quebrando tudo dentro de mim, está levando embora... Minhas lembranças! Minhas noites inocentes, e está levando até minhas cicatrizes de garrafas quebradas em qualquer briga de bar, que eu costumava sair rindo, completamente louca, e cercada de sorrisos.
Onde estão? Os seus sorrisos meus. ONDE ESTÃO VOCÊS? quando o que eu mais preciso, é uma dose e uma piada idiota....
Essa tempestade, tirando de mim tudo o que restava de alma aqui dentro. Essa maldita tempestade me fazendo cair!
cair...
Fazendo meus joelhos sangrar.
Lembra, meu amigo? Eles nos chamavam de crianças problemáticas... E as luzes dos carros na avenida eram mais brilhantes. Lembra? nós não estavamos nem aí. Escreviamos nos muros, eu acreditava, numa ilusão particular e subconciente que seria para sempre, embora eu nunca tenha pensando muito nisso... Claro que não seria. Alguns criam caminhos, outros apenas seguiram os que já existiam. Arrumamos empregos e namoradas. Laços... Esquecemos as noites vazias tão cheias de nós. Alguns morrem pelas sarjetas, e eu estou aqui, com o mesmo velho sabor de whisky na boca, Aquele que me deram num aniversário, meu aniversário de quinze anos na rua.. Lembra, meu amigo.....? Lembra de mim?
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