Era certo que as mãos doíam.
Nada se podia fazer a respeito, no entanto, gostaria muito que parasse de doer. Uma mente barulhenta daquelas só se acalmava com uma caneta na mão, e a fricção da esfera azul-escuro se tornava um pouco mais grosseira a cada hora que passava, e como passavam rápido!
Da mesma forma, essa esfera azul também gira com demasiada pressa, e eu envelheço maldizendo os anos.
Certo dia, alguém me disse, que nesses dias cinzentos, desses invernos mal decididos, perdidos, desses que aproveitam uma corrente de ar qualquer e vem parar aqui perto da gente sem pedir licença e sem saber onde está. (Não se bate na porta de desconhecidos) Mas esse alguém me disse que nesses dias, parece que o tempo não passa.
Era ainda mais certo que o pescoço lhe doía.
E por que diabos era justo me doer o pescoço?
Eu preferia que dobrasse a dor nas juntas
Pra ver se junta tudo isso
E dói tudo que há de doer de uma vez só, sem ninguém precisar sentir dó.
Era certo que nada mais fazia sentido.
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