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sábado, 5 de setembro de 2015

Antes da semana que vem

Você partiu antes do que eu esperava
Enquanto eu abria as cortinas da casa e deixava o sol entrar de manhã
Você saiu pela porta dos fundos
Deixando apenas algumas pegadas irregulares pelo tapete
Você é uma galáxia inteira quando todos são ilhas
E dentro dos seus olhos eu vejo dois imensos universos nebulosos.
Na mesa do bar eu sou apenas um coração acelerado, atenta para a entrada dessa espelunca onde afogo meus excessos tomando cerveja à golpes, sabendo que você não vem, e mesmo assim, esperando.
Eu estou bem, é o que dizem.
Enquanto caminho até a porta de madeira vagabunda do banheiro cretino lá no cantinho do bar, alguns olhos me seguem. Uns torcendo para eu estar bem, outros, nem tanto.
Ouvi alguns conselhos sobre isso e os vomitei todos nos curtos e inertes minutos perdidos entre os rabiscos de canetas e batom da parede na cabine.
Estou olhando para as minhas mãos, muito mal cuidadas, mas ainda assim é possível lembrar da semana passada quando você estava nesse mesmo lugar, e decidiu me ligar e me fez sair correndo por aí, esquecendo de mim mesma, tropeçando nas idéias absurdas, e segurava forte a minha mão, dizendo que gostava muito de mim, gostava pra caralho, e eu acreditando em cada palavra cuspida no vidro do carro, no frio de agosto, na noite pálida.
E eu acreditava
Porque queria que fosse verdade
E Você gritava
Porque queria que fosse verdade
Nos beijamos e não existia maldade. Não existia mais nada
O seus dedos cheiravam à cigarro e lágrima.
E seus cabelos cheiravam à poesia e shampoo.
Senti vontade de vestir seu corpo e existir um pouco dentro de ti.
Guardei sua voz: "gosto de você, gosto de você menina..."
Esqueci de prestar atenção no restante, onde logo em seguida você desmentia, usando um pouco do seu charme bêbado, e eu não me importava em sofrer naquele momento. Eu só queria participar. Eu só queria existir para você.

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