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sexta-feira, 8 de março de 2013

Faça-me sorrir

Faça-me sorrir.
Não pergunte o por quê, apenas arranque um sorriso de mim.
Ando por aí olhando pro céu, muito mais do que eu olhava antes. É um azul tão infinito.
Eu preciso de novos bares, novas bandas, novos jeans, preciso das velhas amizades, mas também preciso conhecer mais gente. Gente, não importa que tipo de gente. Gente diferente da gente.
Preciso voltar a tomar chá de laranja de manhã, chá de hortelã a noite.
Talvez eu precise voltar para aquele pontilhão sinistro, naquele bairro sinistro, e conversar sobre bandas com aquela menina bonita. Ou não.
Acho que preciso viajar, pegar um bronzeado, fazer uma tatuagem nova, preciso de um porre.
Preciso estudar, pegar firme as apostilas e devora-las.
Preciso de uma cesta de chocolate com algum bilhetinho anônimo, bonito.
Preciso que parem de gritar na cozinha, preciso que calem suas bocas, que cuidem menos da minha vida.
Eu preciso de ajuda, é verdade.
Agora, eu realmente, preciso muito mais de vocês do que jamais precisei.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Torre de Babel

Babel, do hebraíco, significa confusão.
Mais ou menos tudo isso que anda acontecendo comigo.
Foi tentando construir um lugar bem alto e calmo que você me desequilibrou e agora eu estou aqui, com os joelhos sangrando de novo. Mas não dói, tá tudo bem.
Agora eu consigo ver, chegamos perto demais do céu para conseguir toca-lo.
Alguns devaneios por algumas nuvens fizeram-me sentir no paraíso: seu rosto, seus cabelos, a luz da manhã nos seus olhos castanhos.
O que eu não sabia, era que nosso peso faria a nuvem ceder, e nessa tarde, tudo ficou escuro, a nuvem se desmanchou e choveu, choveu muito, por uma tarde, uma noite e a madrugada foi recebida com uma intensa tempestade cheia de catástrofes emocionais, deixando minha alma vagar num exato cenário pós apocalíptico, mas tudo bem, ninguém percebeu, meu quarto ainda está arrumadinho esperando aquele filme que não vimos juntas. Meu caderno está cheio de matéria e no meu dedo indicador alguns calos, por escrever demais, escrever coisas que não vou publicar, coisas que você não merece ler. Você não merece me ler. Você não tinha a permissão de me levar ao topo da torre e depois me atirar de lá.
Sempre te dei razão pra tudo, mas na noite em que choveu demais, todo mundo se foi. Sobrou, portanto, eu mesma por mim. E agora penso em mim, pensei diversas vezes onde foi que eu havia errado, mas eu não errei... Não dessa vez.. Eu havia prometido, nunca te perder.
Percebo que não era equivocado da minha parte a porra da minha "idéia fixa" de que quando as coisas vão bem pra mim, algo vai dar errado.
E deu muito, muito errado, porque eu não costumo chorar. E olha só, menina, eu construí essa torre usando como liga as minhas próprias lágrimas, desde agosto do ano passado, e ainda existe a hipótese de que fui rápida demais.
Não, não. As coisas estão erradas.
A vida destrói todo e qualquer ser que tenta atingir o céu.
Era bom demais pra ser a vida.
Agora, não falo mais a tua lingua.
Maldita seja a torre de Babel!

domingo, 3 de março de 2013

Ilusão

Nem nicotina, nem alcool, nem droga alguma.
Somos viciados em ilusões
Um bando de dementes com olhos aflitos procurando comprar ilusão em qualquer esquina, qualquer ruína, e pagamos com noites mal dormidas, com dor ao redor dos olhos por não conseguir chorar.
Somos viciados em ilusões, somos como qualquer sobre-mesa morna e agridoce que ficou na mesa de jantar e ninguém quis tocar, ver é mais agradável que consumir, quando se tem na mão as coisas mudam.
Somos escravos dos nossos próprios rascunhos de planos que não tem alicerce algum, degradados ao longo do tempo pelo vento e pela areia, construindo dunas e dunas pelas nossas costas sem conseguirmos espalhar ou escalar a própria montanha de ilusão.
A gente cria um mundo perfeito antes de dormir, todas as noites. Futuro. Um emprego legal, uma casinha bonita, uns filhos, talvez adotados, alguma pessoa que acorde do seu lado com o cabelo todo bagunçado e te sorri um sorriso sonolento e feliz - completamente feliz.
Planos que surgem nas nascentes dos finitos rios cristalinos e morrem no esgoto do desgosto, toda noite.