Páginas

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Procura-se Maria

Era uma Maria como qualquer outra Maria, dessas Marias que a gente pousa os olhos automáticamente no bar lotado antes de reparar em qualquer Joana.
Era uma Maria que conhecia apenas dos bares cheios de outras Marias. ( E Joanas,  Helenas, Ritas, Antonietas e Isabéis)

Era Maria que não era minha,
até a noite que a tomei pelo braço e então fui Lampião, e ela, Maria-bonita.
A mais bonita das Marias

Foi minha Maria a noite inteira,
Foi Maria-minha quando me escreveu na seguinte manhã,
Foi Maria-minha entre minhas pernas e fui por uma noite feliz entre as pernas que eram de minha Maria.

No entanto, outro dia raiou, outra dose tomei
Percebi que Maria não era mais minha.
Agora era Maria-dos-bares, Maria-das-dores, Maria-dos-olhos-mágicos (olhos que nunca mais me pousaram)

Destes olhos de Maria-de-ninguém
Emanavam um ácido líquido cor de nada
E um monte de histórias que jamais conheci.

Só conheci a história da Maria-de-uma-noite-só.
Que na verdade pode até ser uma Joana
Desconfio que jamais foi minha, essa Maria-Joana

Ao passar o café, no fim da tarde
Esperei aparecer na borra a boca de Maria-minha
Que não apareceu, e nunca mais escreveu

Quando chegou a noite
O telefone paralisado, na mesa da sala
Não tocou, e Maria não voltou

Quando, por fim, uma carta me chegou
Era de José, me dizendo "Por onde andas?"
Amassei e joguei fora.

Eu queria mesmo era Maria.





Nenhum comentário:

Postar um comentário