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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Quando existo

Se existo é por erro de cálculo,
Quando não existo, sou o corretivo escolar grosseiro aplicado em um erro vulgar.
Se existo, sou uma máquina ligada à outras máquinas. (125 miligramas psicotrópicas)
E quando não existo, a paz se espalha nas porosas terras desse planeta.

Quando existo, sou o silêncio na hora da verdade
E o burbúrio no sagrado momento do requiém.
Mas se deixo de existir (se deixo de existir, Deus do céu, deixo de existir!)
Sou o exército que marcha entorpecido em algum tipo de fé em alguma espécie de força que nem se quer é minha.

Se existo, sou o infeliz inverno que mata velhos descalços
Mas se deixo de existir, o sol brilha atrás dos montes de uma terra prometida
Quando existo, eu sou o sopro que esfria o café
E quando deixo de existir, lírios se abrem num campo iluminado.

Sou o pau que espanca o cachorro sarnento no meio-fio
A arma do criminoso que mata um sujeito sem culpa
Sou o limbo na água potável.
E a seca no sertão
A bituca de cigarro que causa incêndio na última floresta da terra
O sangue que escorre nas coxas da menina estuprada por um filho da puta
Sou a puta que joga o filho na rua
 E a bomba que  acinzentou a rosa de Hiroshima.

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