Páginas

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O primeiro coração que parti.

Esse é um dos textos que achei num caderno empoeirado, de alguns anos atraz.


-
Noite rara. Muitos diziam ser tudo igual, mas eu pude sentir no ar, a brisa se modificava a cada suspiro. Um vazio sufocante passeaca dentro do meu peito. Era como se eu já soubesse.
Aqueles longos minutos de silêncio me davam arrepios, as linhas eram cruzadas e meus olhos com os delas também. Olhos imensos e marejados que transpassavam muito mais do que dor, algo que eu nunca vi antes, uma coragem vibrante e em um impulso ela me abraçou, forte como nunca. Não houve uma estrela sequer no céu para testemunhar o ato. Eu mal me movi, e sinceramente eu preferia não acreditar. Só agora acredito, só agora que parei de tremer. Quando senti as lágrimas dela cortando meus ombros, pude saber que era uma despedida. A mais profunda da minha vida. Dos meus meros doze anos.
Os olhos imensos dela eram negros como aquela maldita noite.
Eles miravam para a lua, enquanto eu a olhava penetrantemente. Olhava cada traço de sua face, seus cabelos curtinhos que beijavam o pescoço.
Ela reclamou, que eu a olhava profundamente.
Então eu disse: Ora mas tudo que vivemos foi profundamente.
Sorri, mas ela não retribuíu...
Nunca havia visto aquela expressão nos olhos dela dessa forma antes. Nunca em todos os nossos anos de cumplicidade.
Num suspiro de raiva e decisão, ea se foi.
Não disse adeus nem olhou para tráz, apenas correu, como se houvesse a possibilidade de fugir da dor.
Era uma pena, ve-la ir embora dessa forma. Ve-la partindo era sufocante, não senti minhas pernas mas me evantei e corri, procurando por seus passos incertos, nunca deveria ter sido assim, estava tudo ao avesso.
Eu conhecia cada um dos nossos lugares perfeitos, Nossos lugares preferidos. Mas era tão confuso, já se passava da meia noite, onde ela foi? Eu demorei tanto tempo assim para me levantar?
Meus calcanhares giraram e eu refiz o caminho.
Onde quer que ela esteja, estará bem. Ela sabe se virar.
Pelo caminho de volta pra casa, chutei pedras e garrafas. Três pedras, pra ser exata. Cada passo me lembrava seu sorriso. O que havia se perdido e agora era mesmo, só lembrança.
Acho que quebrei meu primeiro coração.
Então só restava uma certeza, eu a perdi.
Mas que perder, seja o melhor destino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário