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domingo, 20 de maio de 2012

Te amo? Não me lembro.

Achei aquela foto que costumava ficar ao lado da minha cama. Minha franja tampava meus olhos e estavamos na sacada da sua casa. Você sorria com os olhos. E parecia dizer "te amo, tata" Parece que ainda consigo ouvir.
Vai ser tudo bem engraçado, daqui uns anos. Eu tenho estudado, larguei todas aquelas porcarias, vez ou outra ainda vou parar na delegacia e me lembro de você rindo quando eu atacava alguma biscate. Me lembro da minha risada, quando você apavorava algum muleque. Vai ser engraçado, quando você achar outro alguém, que esteja do seu lado também, mas duvido que esse alguém seja o que você dizia que eu era "parceira" lembra? Ficava contigo nos bares sujos até amanhecer, depois deitavamos olhando a janela na parede de pedras, até acordar às cinco da tarde. Vai ser engraçado, meu bem, pois já amo outro alguém, mas não minto - não esqueço. Você faz uma falta cinzenta, não sei bem se te quero. Vai ser tão engraçado, quando minha faculdade eu tiver terminado, e na minha casa que será só minha levarei comigo todas essas lembranças agridoces, dos teus meio-sorrisos e do cheiro dos cigarros baratos.
Vai ser engraçado, poder dizer que do meu lado não te quero, nunca mais.
Ainda parece setembro, se te amo? Não me lembro.
 Não sei se já te esqueci de fato, pois no nosso retrato eu pareço tão feliz. E te ligava na madrugada, ofegante, te deixava recados dos quais não se ouvia nunca mais, e me sentia pequena, me sentia envergonhada, mas tudo isso já passou, não passou? Não te quero, mas ainda te espero, com os olhos molhados, insanos setembros.
Teus beijos nunca mais.



Apenas com outras porcarias, Marcela.

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