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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Galeriscos e calor

Não foi o relógio atrasado que me deixou triste. Dessa vez, nem foi tanto o barulho. A vizinha impertinente falava coisas desnecessárias para mim, enquanto aflita, levava o pulso bem perto da cara seguidas vezes, míope maldita que eu sou, havia largado os óculos em casa quando saí no desespero de te encontrar.
Não foi o calor, o sol queimando a pele, a roupa preta quente, não foi os olhares, nem foi nada disso que me mata todos os dias, o que me matou foi não te ver.
E me pego pensando, será que você ainda lê isso? As coisas que nunca direi em voz alta. E fico te imaginando, no seu quarto, vestida três vezes mais que o necessário, rindo de mentira, com os cabelos presos formando uma pequena cascata atras da sua cabeça, e tento adivinhar, o que é que se passa nessa cabeça?! Meu deus, olhe no que eu me transformei. Novamente são três da manhã.
Acho que três da manhã é sua hora, será?
Não sei se ainda faz sentido o que eu falo.
Lembro dos teus olhos, eu vi galerias nesses olhos, uma galeria de quatorze andares e completamente iluminada, ela fica em alguma cidade que ainda não existe, e nessa cidade só faz noite.
Na verdade ele fica mesmo nos seus olhos e pronto.


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