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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sonofobia

Não é sobre a patologia que faz as pessoas terem medo de sons altos. É medo do sono.
As vezes chamo de insônia, ganhou um nomezinho popular, dizem por aí que é normal, e todo mundo tem, e o mundo vende mais Rivotril do que Água.
Tanto porquê, no desespero, a gente engole a seco mesmo, a pequena pílula passeia pela garganta arranhando cada cantinho, como quem quer avisar à todos que chegou. Uma dolorida proposta de paz.
E então quando me perguntam sobre a aparência fúnebre de todas as minhas manhãs, eu respondo o clichê, é duro ter que ficar explicando as coisas pras pessoas, e as pessoas perguntam demais, elas na verdade não querem saber se você está bem, mas sim se você está tão mal ou pior que elas.

Insônia a gente resolve com cafuné, com chá de erva doce, Rivotril, Dramin, Lexotan ou uma ponta.
Mas o medo de dormir é mais complicado, gente, é mais delicado. Se trata do medo de deitar na cama. Se trata, enfim, dos pensamentos que me vem à cabeça na hora mais escura da noite. É aquele arrepio na espinha, aquela dor de cabeça que dói dentro do cérebro, dentro das lembranças feias.
É o medo de deixar o cérebro fluir sem obstáculos, é o medo de se desocupar, de ser obrigada a tirar os olhos do livro, de ter de parar de prestar atenção no trabalho e deixar apenas seus pensamentos voarem....
Mas meu medo se resume no crítico problema dos meus pensamento nunca terem sido bons pilotos.

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