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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Dor.

Me retirei sentindo forte desconforto no estômago como se eu tivesse acabado de levar um chute. Recorri aos amigos. Finalmente, acho que fiz amigos, encontrei meu pedaço no mundo, depois de ser despedaçada por ele próprio. "dói muito" eu disse. Me atirei em abraços e algumas latas de cerveja. O incômodo agora era real, físico. Penso que bebi rápido demais, tudo era estranho, meus melhores amigos eram pessoas que até uma semana atrás, eram estranhos. Acendi um cigarro de palha que não fazia questão de se manter aceso, e o vento fazia questão de soprar por todos os lados. "você tem que fazer assim" - um moço bonito me disse, percebendo minha dificuldade, e então ele retirou delicadamente aquela porcaria fétida dos meus dedos e enrolou o fumo de forma diferente. "dói demais" eu disse a ele, que eu não fazia idéia de quem fosse. "eu sei, pequena. Mas tente não pensar nisso." Então o céu foi mudando de cor, gradativamente. O laranja do por do sol se misturou com o vermelho da poluição, atrás dos edifícios sinistros que, velhos, se faziam senhores do conturbado centro da cidade e eu me fiz sujeito do meu próprio caos e conformismo, naquele momento, um pedacinho de felicidade. Mas eu estou tentando não pensar nisso.

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