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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sétima carta - para se ler ao som de mariane

Eu não sou do tipo que espera o telefone tocar, meu bem, não sou mesmo.
E não é que eu esteja agora, se nunca esperei antes, porque raios deveria estar ansiosa olhando para a luz que se acende e apaga toda vez que minha unha mal colorida pressiona o botãozinho do centro desse aparelho riscado. Então desvio os olhos, acendo outro cigarro, apago como quando apagava no seu braço, marco o cinzeiro como marcava sua pele, estranha sensação de me deixar presa em ti. Foi no sábado passado que você me ligou e a tarde ficou acinzentada; a voz do outro lado era tua, mas não senti sua essência, o que anda acontecendo, meu velho amigo? Ando um pouco angustiada toda vez que meus passos falhos caminham em direção a velha praça, ando trabalhando o dia todo, ando pensando muito em você. Então você liga, fala mas não conversa, me diz que sua vida não vale mais que um copo de cerveja e eu digo claramente que não, que sua vida vale toda a minha história, mas pensando bem, a história cabe mesmo num copo americano engordurado, porém, com cerveja gelada. Já pensou se a cerveja não esquentasse nunca? Já pensou se meu cabelo ainda fosse vermelho? Já pensou que louco, que louco que seria se você não tivesse ido embora.


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