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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Eu me recuso


Me recuso a ser como todas essas pessoas que acham que pra viver, precisam de outra pessoa.
Me recuso a acreditar nesse conto de fadas, me recuso a acreditar em qualquer conto de fadas, esses contos são tão demoníacos e ninguém vê, pelo brilho ofuscante e irritante das capas dos livros.
Me recuso a acreditar no paraíso celeste, me recuso a seguir  a moda, me recuso a tratar a mim mesma tão mal a ponto de jogar a carcaça do meu corpo num sofá todos os domingos alimentando meu cérebro com lavagem pra porco, como é que dizem? l a v a g e m c e r e b r a l. Todo mundo está sujeito.
Me recuso a pular carnaval, a ouvir a rádio em horário de pico, me recuso a ouvir gente que quer tanto falar mas não sabe dialogar, me recuso a fazer parte de grupos decodificadores de seres humanos, me recuso a ser filha do sistema cartesiano, me recuso a dizer que vai ficar tudo bem quando sabemos que tem coisas que não vão ficar bem. Não vão nem ficar.
Me recuso a andar de mãos dadas, me recuso  a pertencer à alguém, eu protesto contra roupas brilhantes que distraem a atenção do dos brilho maior que são os olhos, e tem gente que tanto tem e nada tem pra mostrar pela janela da alma.
Me recuso a dividir minha cama e meu sexo com gente vazia, me recuso a tatuar borboletinhas no tornozelo, me recuso a usar salto alto e um bando de pulseiras barulhentas. Me recuso, por fim, a usar essa camisa de força justa desse jeito.
Alguém pode afrouxa-la pra mim?

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